Estresse bucal na pandemia

Além de afetar a mente, incertezas e inseguranças geradas pelo momento pandêmico têm relação direta com a saúde bucal

Desde março de 2020 o mundo mudou para uma realidade pouco agradável: a pandemia da Covid-19. Quase dois anos depois, com a vacinação acontecendo e a esperança de uma normalidade, novas ondas vem e vão, com a elevação e redução do número de casos, aumentando as incertezas no Brasil e no mundo.

Todo esse estresse e os medos causados pela situação podem acentuar alguns problemas na saúde global, incluindo a bucal. A boca é um importante reservatório para os vírus, como os do coronavírus, e a falta de uma boa higienização pode aumentar os riscos de contágio e propiciar o agravamento da doença, além de acarretar outras complicações.

Entre os principais agravantes que podem surgir decorrentes da pandemia, estão as cáries, as doenças periodontais e a perda dental.

“Fatores como estresse, insegurança, preocupação intensa com a saúde, aumento do consumo de bebida alcoólica e fumo, alterações no sono e alimentação, entre outros, podem interferir na saúde como um todo”, alerta o dentista Sergio Correia.

Como evitar o estresse bucal na pandemia?

Infelizmente, não existe mágica para evitar as consequências de uma pandemia, mas tentar manter a normalidade ao máximo, garantindo a qualidade do sono e da alimentação, a frequência de atividades físicas e, claro, os cuidados com a saúde ajudam a amenizar os transtornos.

“Priorizar uma alimentação mais saudável, evitando açúcares e excesso de álcool, já é um bom começo. Realizar a higienização bucal com um dentista semestralmente também é essencial, mesmo em épocas de isolamento”, afirma Correia.

Em sua clínica, localizada no bairro Batel, o profissional investiu em equipamentos que asseguram a higienização e a biossegurança do ambiente, na tentativa de manter um espaço livre dos vírus.

DTM e bruxismo

A tensão também faz com que o corpo reaja de forma mais intensa, trazendo à tona apertamentos bucais e disfunção temporomandibular (DTM) com mais frequência. Embora não seja comum na população geral, a disfunção pode trazer muitos problemas quando não tratada.

“Dor na face e na lateral da cabeça ou na região da articulação mandibular, dificuldade de abrir e fechar a boca ou de mastigação são alguns dos sintomas da DTM, que tem grande associação com inseguranças e estresse”, relata o profissional.

Além dos fatores emocionais e sistêmicos, tal qual as doenças pré-existentes, hábitos parafuncionais, como o bruxismo, o apertamento dental, as mordidas na bochecha ou o ato de empurrar a língua contra os dentes também podem trazer prejuízos à saúde.

O bruxismo, por exemplo, pode acontecer durante o sono – mais comum -, ou de vigília, quando acordado. O último é bastante recorrente nas situações de estresse ou maior concentração.

Alguns casos de bruxismo podem não ter consequências graves, mas, por outro lado, dependendo da intensidade, é possível fraturar e danificar a estrutura dental, com problemas gengivais e perda óssea.

“No bruxismo noturno, é mais comum o ranger, já o apertamento acontece no de vigília. Ambos podem ser tratados com técnicas de higiene do sono, meditação e uso de placas para proteção dos dentes. A conscientização quando estiver acordado também auxilia”, diz Correia.

Quase todas as intercorrências bucais podem afetar áreas como a mastigação, a deglutição e a fonação, podendo gerar quadros de depressão e má qualidade de vida.

Lembrando que pacientes infectados pelo coronavírus devem se atentar aos cuidados com as pessoas próximas, separando escovas de dente e utensílios de uso pessoal, além de realizar a troca do material ao fim da infecção.

Manter uma alimentação saudável, um corpo ativo e visitar o dentista regularmente contribuem para uma vida mais tranquila e com qualidade, sem estresse bucal na pandemia. Invista em você e na sua saúde.